29 de abr. de 2012

Toda Paixão


Toda paixão é labirinto
onde se perdem ateus e santos,
onde caravelas e jangadas precárias
desafiam a fúria insensata dos oceanos.

Sem mapas, sextantes, bússulas ou planos
as paixões navegam cegas e loucas
acreditando que a pele é sempre a melhor roupa
enquanto exilam as próprias línguas no céu de outras bocas.

Toda paixão quer ser eterna,
como as manhãs que rasgam a noite fria,
como alegria instantânea do sorriso
preso no retângulo da fotografia.

Por isso toda paixão odeia o tempo
que vive entre os números do relógio prisioneiro,
desorienta, ilude e faz os amantes acreditarem
que a hora é só uma mentira dos ponteiros.

Mauro Iasi

Um comentário:

Vera Serra disse...

Quem poderá conter o tempo que esfria as paixões e ilude os amantes? Só osa poetas e suas poesias, alimento de almas sequiosas de beleza como a de quem ama um belo texto. Um abraço! Excelente semana para você!