29 de jan. de 2008

Agradar a Todos e a Ninguém

Aqueles que procuram agradar andam muito enganados.
Para agradar, tornam-se maleáveis e dúcteis, apressam-se a corresponder a todos os desejos.
E acabam por trair em todas as coisas, para serem como os desejam.
Que hei-de eu fazer dessas alforrecas que não têm ossos nem forma?
Vomito-os e restituo-os às suas nebulosas: vinde ver-me quando estiverdes construídos.
As próprias mulheres se cansam quando alguém, para lhes demonstrar amor, aceita fazer-se eco e espelho, porque ninguém tem necessidade da sua própria imagem.
Mas eu tenho necessidade de ti.
Estás construído como fortaleza e eu bem sinto o teu núcleo.
Senta-te ali, porque tu existes.

Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'

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