28 de out. de 2008


Amor meu,
me compreende,
te quero toda,
dos olhos aos pés, às unhas,
por dentro,
toda a claridade, a que guardavas.

Sou eu, meu amor,
quem golpeia tua porta.
Não é o fantasma, não é
o que antes se deteve
defronte da tua janela.

Eu ponho a porta abaixo:
entro em toda a tua vida:
venho viver em tua alma:
tu não podes comigo.

Tens que abrir porta a porta
tens que me obedecer,
tens que abrir os olhos
para que eu busque neles,
tens que ver como eu ando
com passos pesados
por todos os caminhos
que, cegos, me esperavam.

Não me temas,
sou teu,
mas
não sou o passageiro nem o mendigo,
sou teu dono
o que tu esperavas,
e agora entro
em tua vida,
para não sair mais,
amor, amor, amor.
para ficar.

Pablo Neruda

Um comentário:

caminante disse...

es bueno encontrarnos con neruda cuando caminamos. un abrazo desde republica dominicana.