21 de out. de 2008

O NOME DA ROSA

O que faz quieta, parada, tímida?
Seria simplesmente o nada, o vácuo, uma lacuna, ou mero vazio
Este nada, devolve em mim, toda concepção de divindade
E toda auto-estima, outrora perdida
Nem por isso digo que és um anjo, com asas enormes
Que viera mostrar-me algum caminho,
Nem que és tirana, por me seqüestrar a atenção,
Mas que és bela, puramente bela
Devendo ser escrita em verso ou prosa
Recitada em trova ou reza
Quem sabe seja exagero de um desconhecido,
Quem sabe o céu desceu a terra
E mostra-me agora, o fruto que já foi permitido
Oferecer-te esta escrita e esta rosa
É agradecer-te pela vista
Pois sou andarilho, confesso
Vago pelo mundo carente de algum destino,
Mundo este em que há muitos atalhos, todos visíveis,
Mas prefiro os caminhos longos, tal como antigos viajantes,
Sem que embora antes soubessem onde parar
Mas que buscam em cada pousada, uma paisagem a olhar
Ao notar-te, guardei todas as letras, para este poético semblante,
Como a paisagem para um viajante
Imagino a suavidade do contorno de sua boca,
Até a simples luz que revela-me o brilho de sua tez
Esta visão da espaço a sua criação em minha mente,
Mas não pode a criação dominar a criatura que a imagina,
Pois meu único pecado é sentir meu corpo
Reagindo por uma doce vista
Te peço a parte, leve em conta este desconhecido
Pense que esta escrita esteja em uma garrafa jogada ao mar
Que de praia em praia é lida, mas nunca decifrada
Novamente posta ao mar
Passa a receber das ondas o destino de novas terras
Orientado pelas correntes marítimas, e pela força do vento,
És escrita em uma língua morta,
Guardada apenas por uma cortiça, envolta a um invólucro de vidro
Pois sou navegante, confesso
Viajo por este mundo carente de destino
Mundo este em que há muitos atalhos, todos visíveis
Mas prefiro o oceano aberto
Tal como os antigos navegantes
Sem que embora antes soubessem onde atracar
Deixando em cada praia
Uma mensagem a ser lida
Ou uma garrafa ao mar
L.B. (Esta poesia é inspirada em El Hondero Entusiasta, Pablo Neruda)

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