12 de abr. de 2012

Tua frieza


Tua frieza aumenta o meu desejo
Fecho os olhos para te esquecer
e, quanto mais procuro não te ver,
quanto mais fecho os olhos, mais te vejo.

Humildemente atrás de ti rastejo,
humildemente, sem te convencer,
enquanto sinto para mim crescer
dios teus desdéns o frígido cortejo.

Sei que jamais hei-de possuir-te. Sei
que outro, feliz, ditoso como um rei,
enlaçará teu virgem corpo em fllor.

O meu amor, no entanto, não se cansa:
amam metade os que amam com esp'rança,
amar sem esp'rança é o verdadeiro amor

Eugénio de Castro (Coimbra n. 4 Mar 1869; m. 17 Ago 1944

Um comentário:

Vera Serra disse...

Amar sem esperança... Parece coisa de poeta, mas não é, pois o amor já é uma esperança de vida, de força. Seu blog é uma inspiração de vida plena de amor, pois cada verso que transcreve aqui, são alimento para almas românticas como a minha.
Um grande beijo